Para concluir…
Há um dilema insolúvel que perpassa séculos de história da humanidade sobre o fenômeno onírico. Trata-se da dificuldade do ser humano de situar-se entre o mundo das espantosas fantasias e a realidade ordinária do mundo “real”. A pergunta sobre quem age no sonho não é facilmente respondida. A consciência em estado de vigília é, em certo sentido, usurpada por um aspecto de duplo que a pessoa vivência na experiência onírica: a “substituição”, o “prolongamento” de sua personalidade e a partilha de suas preocupações, manias e ambições, causam inquietação e desconforto. Ora o sonhador se sente na pele de seu sósia noturno, ora se sente como um reflexo, evoluindo por entre os personagens de
seu sonho .
Seja como for, o ato de sonhar nunca abandonou a humanidade e ainda causa impactos conforme seu conteúdo. Esse foi o ponto de partida de Freud, coube a ele elevar o sonho à categoria de paradigma na pesquisa dos fenômenos psíquicos, elegendo-o como primeiro membro de uma classe, na qual outros se sucederam: as fobias histéricas, as obsessões e os delírios.
No próximo capítulo de nossa série interminável, traremos algumas distinções entre os campos da psiquiatria, psicologia e psicanálise.